Eco das Grutas

Bernardo Magalhães começou esse trabalho em 1978, preocupado com a precária condição de preservação do sítio arqueológico da região de Lagoa Santa-MG.

De 79 a 83 vive em Nova York e é nesse período que o trabalho amadurece, ele seleciona as fotografias e elabora três portifólios de imagens. De volta ao Brasil inicia a montagem final do audiovisual em Belo Horizonte, junto com o poeta René Zeferino. Da preocupação inicial com a preservação do acervo rupestre de Lagoa Santa eles passam à comparação do que antes foi o abrigo natural do homem e onde vivemos hoje. Belo Horizonte é o contraponto que permite essa comparação, com sua degradação urbana, suas favelas, seus lixões e sua Serra do Curral machucada pela mineração. Boris Kossoy escreveu em 1983, por ocasião da exposição no Centro Cultural São Paulo: “A preocupação com a memória visual das origens petrificadas nos sinais do passado e as imagens da interferência do homem contemporâneo, criador e modificador da paisagem, é sentida no trabalho de Magalhães, segundo sua visão pessoal interpretativa, por vezes um tanto estéticas – um terror belo, diríamos – sem contudo comprometer sua real intenção: o chamamento à conscientização do espectador para os nossos valores culturais mais remotos e puros. E o que é mais importante, sem falsas demagogias, sem gratuitas explorações do ‘social’ tão em voga nos modelos fotográficos atuais. A proposta de Magalhães tem, embutida em sua essência, a grandeza da revelação e da informação, expressa de forma plasticamente poética através de um conjunto de imagens que desvenda um caminho criativo e inovador”.

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